Tarantino se encanta com Brad Pitt: 'Uau! Esse cara é muito lindo!'
Quentin Tarantino já filmou com Uma Thurman, Lucy Liu, Rosario Dawson e Rose McGowan. No set de “Bastardos inglórios”, tinha à sua frente a gracinha francesa Mélanie Laurent e a loiraça Diane Kruger. Mas nem os belos azuis da atriz alemã impressionaram tanto o diretor de “Pulp fiction” e “Kill Bill” quanto... Brad Pitt.
“Lembro de um dia, durante as filmagens, quando preparava uma das cenas, olhando pelo visor da câmera, tive uma sensacao de ‘uau!’. Naquele momento, pude imaginar o que Sydney Pollack sentiu quando filmava ‘Jeremiah Johnson’ com Robert Redford. Este cara é muito lindo”, reconheceu o cineasta, rindo, em entrevista a jornalistas internacionais da qual o G1 participou em Los Angeles.
Em “Bastardos inglórios”, filme de espionagem cômico ambientado na Segunda Guerra Mundial que estreia neste final de semana no Brasil, Pitt interpreta o tenente Aldo Raine, líder de um grupo secreto de soldados judeus que têm como missão se vingar dos oficiais nazistas. O longa tem um elenco poderoso, em que se destaca, além das beldades citadas acima, o ator austríaco Christoph Waltz como o vilão Coronel Hans Landa – o papel de um carrasco da SS sarcástico e poliglota lhe rendeu o prêmio de melhor ator no último Festival de Cannes.
Confira abaixo trechos da entrevista com Tarantino:
Pergunta – Ao escrever um roteiro para você mesmo dirigir, você é mais calculista ou espontâneo?
Quentin Tarantino – Não sou muito calculista. Mas como tenho um ego saudável, penso muito no leitor que um dia irá ler o roteiro. Eu o vejo mais como uma obra literária. Às vezes, escrevo coisas que não vão estar no filme, mas que são boas para o roteiro, que ajudam a contar a história. Portanto, para mim, é um trabalho completo: nem precisa do filme, mas é que eu sempre acabo filmando. Outra coisa é que eu consigo visualizá-lo. Não vejo cena a cena, ou os cortes, mas uma obra visual completa.
Pergunta – Os atores falam diversas línguas no filme. Quando escreveu “Bastados inglórios”, você teve receio de que algo ficaria perdido na tradução?
Tarantino – Não. Eu sei que, em inglês, muitas palavras têm duplo sentindo ou que certas coisas ditas repetitivamente têm uma sonoridade específica. Bem, é claro que alguma coisa deve ter se perdido na tradução, mas quando trabalhei com os tradutores, cada vez que perdíamos um desses aspectos, tentávamos encontrar um substituto em francês e alemão. Eles me davam opções de adjetivos, tipo: o personagem pode dizer o mesmo mas usando estas duas palavras, ambas com o mesmo significado, mas com sonoridade distinta. A língua foi traduzida, mas os diálogos ainda são os meus (risos).
Pergunta – Como surgiu a ideia da história?
Tarantino – Achei que seria super legal ter um grupo de caras numa missão, durante a Segunda Guerra Mundial. Fazia algum tempo que ninguém rodava uma história destas. E quando comecei a escrever o roteiro, pensei, bem, mas quem são esses caras? Qual é a missão? Foi aí que tive a ideia de ser um grupo de soldados judeus-americanos lutando contra os nazistas, da maneira apache. Não é um filme de briga, é um filme de emboscada, de cilada. Os caras se escondem, agarram os nazistas, os matam, e deixam os corpos lá para os outros verem e ficarem apavorados e começarem a contar a história dos Bastardos. É uma guerra psicológica. Achei que era uma história interessante e original que eu gostaria de ver.
Pergunta – Quais foram as suas referências cinematográficas?
Tarantino – Não diria que houve um filme específico que tenha me influenciado, mas eu queira que tivesse um estilo “western spaghetti”, mas com iconografia da Segunda Gerra Mundial. Ou os “macaroni combat”, o equivalente japonês ao “western spaghetti”, mas que são filmes de guerra. O que me atrai no estilo, além do humor, que incorporei na história, é o mundo que se apresenta, um lugar brutal, sem piedade, onde a vida não tem valor, não existem lágrimas, e a morte está ali perto, a qualquer segundo. Bem, para mim, parece uma ótima descricao da Europa durante a Segunda Gerra Mundial (risos).
Pergunta – Como foi trabalhar com Brad Pitt?
Tarantino – Nós sempre quisemos trabalhar juntos. Mas não é assim: “Quer trabalhar com o Brad Pitt?” “Sim, claro, vamos lá.” Não. Precisava encontrar o papel certo para ele. E foi isso que aconteceu aqui. Eu estava já na metade do roteiro quando pensei, bom, quem poderia interpretar Aldo? Brad veio à mente. Depois que pensei nele, não consegui pensar em mais ninguém. Sempre tenho duas, três, até quatro outras opções, mas dessa vez, era só Brad, que considero um ator fantástico. Ele encarnou o personagem. Você fazia uma pergunta para Brad e era Aldo quem respondia. Foi muito legal. Como o cara que criou Aldo, passar os dias com ele, conversar e almoçar com ele, foi fantástico. Na verdade, eu passei meus dias com Aldo, e não com Brad (risos).
Pergunta - Chegou a incomodar o fato dele ser uma celebridade?
Tarantino - Não. A verdade é que a maioria dos meus diretores favoritos do passado trabalhavam com grandes estrelas. Então, essa ideia me atrai. E eu já trabalhei com várias delas, como por exemplo, o Bruce Willis, em “Pulp fiction”. Mas a diferença para o Brad talvez seja o fato de termos começado nossas carreiras em Hollywood na mesma época. Ele ficou conhecido pelo seu papel em “Thelma e Louise”, e eu estava em pré-produção de “Cães de aluguel”. E, nestes últimos 18 anos, ele cresceu e se tornou essa personalidade icônica do cinema. Sabe, hoje ele pode liderar os Bastardos. Lembro de um dia durante as filmagens, quando preparava uma das cenas, olhando pelo visor da câmera, tive uma sensação de ‘uau!’. Naquele momento, pude imaginar o que Sydney Pollack sentiu quando filmava “Jeremiah Johnson”, com Robert Redford. Este cara é muito lindo (risos).
Pergunta – Vários cineastas estão mudando de película para o formato digital. Qual é a sua opinião a respeito?
Tarantino - Eles chamam digital? Isso, para mim, é vídeo. Tudo bem se você está gravando uma novela (risos), mas não é para mim. Meu negócio é película. Não vou entrar nessa de digital. Além do mais, sou colecionador de películas em 16 mm e 35 mm. O digital simplesmente não tem a mesma qualidade e, honestamente, a magia se perde quando você grava em vídeo. Quando falamos sobre a magia do cinema, não é uma metáfora, mas uma realidade. Sabemos que não há movimento na imagem cinematográfica, mas que quando projetados [os fotogramas] criam a ilusão do movimento. Para mim, é a magia do cinema.
Créditos: G1 - Globo
“Lembro de um dia, durante as filmagens, quando preparava uma das cenas, olhando pelo visor da câmera, tive uma sensacao de ‘uau!’. Naquele momento, pude imaginar o que Sydney Pollack sentiu quando filmava ‘Jeremiah Johnson’ com Robert Redford. Este cara é muito lindo”, reconheceu o cineasta, rindo, em entrevista a jornalistas internacionais da qual o G1 participou em Los Angeles.
Em “Bastardos inglórios”, filme de espionagem cômico ambientado na Segunda Guerra Mundial que estreia neste final de semana no Brasil, Pitt interpreta o tenente Aldo Raine, líder de um grupo secreto de soldados judeus que têm como missão se vingar dos oficiais nazistas. O longa tem um elenco poderoso, em que se destaca, além das beldades citadas acima, o ator austríaco Christoph Waltz como o vilão Coronel Hans Landa – o papel de um carrasco da SS sarcástico e poliglota lhe rendeu o prêmio de melhor ator no último Festival de Cannes.
Confira abaixo trechos da entrevista com Tarantino:
Pergunta – Ao escrever um roteiro para você mesmo dirigir, você é mais calculista ou espontâneo?
Quentin Tarantino – Não sou muito calculista. Mas como tenho um ego saudável, penso muito no leitor que um dia irá ler o roteiro. Eu o vejo mais como uma obra literária. Às vezes, escrevo coisas que não vão estar no filme, mas que são boas para o roteiro, que ajudam a contar a história. Portanto, para mim, é um trabalho completo: nem precisa do filme, mas é que eu sempre acabo filmando. Outra coisa é que eu consigo visualizá-lo. Não vejo cena a cena, ou os cortes, mas uma obra visual completa.
Pergunta – Os atores falam diversas línguas no filme. Quando escreveu “Bastados inglórios”, você teve receio de que algo ficaria perdido na tradução?
Tarantino – Não. Eu sei que, em inglês, muitas palavras têm duplo sentindo ou que certas coisas ditas repetitivamente têm uma sonoridade específica. Bem, é claro que alguma coisa deve ter se perdido na tradução, mas quando trabalhei com os tradutores, cada vez que perdíamos um desses aspectos, tentávamos encontrar um substituto em francês e alemão. Eles me davam opções de adjetivos, tipo: o personagem pode dizer o mesmo mas usando estas duas palavras, ambas com o mesmo significado, mas com sonoridade distinta. A língua foi traduzida, mas os diálogos ainda são os meus (risos).
Pergunta – Como surgiu a ideia da história?
Tarantino – Achei que seria super legal ter um grupo de caras numa missão, durante a Segunda Guerra Mundial. Fazia algum tempo que ninguém rodava uma história destas. E quando comecei a escrever o roteiro, pensei, bem, mas quem são esses caras? Qual é a missão? Foi aí que tive a ideia de ser um grupo de soldados judeus-americanos lutando contra os nazistas, da maneira apache. Não é um filme de briga, é um filme de emboscada, de cilada. Os caras se escondem, agarram os nazistas, os matam, e deixam os corpos lá para os outros verem e ficarem apavorados e começarem a contar a história dos Bastardos. É uma guerra psicológica. Achei que era uma história interessante e original que eu gostaria de ver.
Pergunta – Quais foram as suas referências cinematográficas?
Tarantino – Não diria que houve um filme específico que tenha me influenciado, mas eu queira que tivesse um estilo “western spaghetti”, mas com iconografia da Segunda Gerra Mundial. Ou os “macaroni combat”, o equivalente japonês ao “western spaghetti”, mas que são filmes de guerra. O que me atrai no estilo, além do humor, que incorporei na história, é o mundo que se apresenta, um lugar brutal, sem piedade, onde a vida não tem valor, não existem lágrimas, e a morte está ali perto, a qualquer segundo. Bem, para mim, parece uma ótima descricao da Europa durante a Segunda Gerra Mundial (risos).
Pergunta – Como foi trabalhar com Brad Pitt?
Tarantino – Nós sempre quisemos trabalhar juntos. Mas não é assim: “Quer trabalhar com o Brad Pitt?” “Sim, claro, vamos lá.” Não. Precisava encontrar o papel certo para ele. E foi isso que aconteceu aqui. Eu estava já na metade do roteiro quando pensei, bom, quem poderia interpretar Aldo? Brad veio à mente. Depois que pensei nele, não consegui pensar em mais ninguém. Sempre tenho duas, três, até quatro outras opções, mas dessa vez, era só Brad, que considero um ator fantástico. Ele encarnou o personagem. Você fazia uma pergunta para Brad e era Aldo quem respondia. Foi muito legal. Como o cara que criou Aldo, passar os dias com ele, conversar e almoçar com ele, foi fantástico. Na verdade, eu passei meus dias com Aldo, e não com Brad (risos).
Pergunta - Chegou a incomodar o fato dele ser uma celebridade?
Tarantino - Não. A verdade é que a maioria dos meus diretores favoritos do passado trabalhavam com grandes estrelas. Então, essa ideia me atrai. E eu já trabalhei com várias delas, como por exemplo, o Bruce Willis, em “Pulp fiction”. Mas a diferença para o Brad talvez seja o fato de termos começado nossas carreiras em Hollywood na mesma época. Ele ficou conhecido pelo seu papel em “Thelma e Louise”, e eu estava em pré-produção de “Cães de aluguel”. E, nestes últimos 18 anos, ele cresceu e se tornou essa personalidade icônica do cinema. Sabe, hoje ele pode liderar os Bastardos. Lembro de um dia durante as filmagens, quando preparava uma das cenas, olhando pelo visor da câmera, tive uma sensação de ‘uau!’. Naquele momento, pude imaginar o que Sydney Pollack sentiu quando filmava “Jeremiah Johnson”, com Robert Redford. Este cara é muito lindo (risos).
Pergunta – Vários cineastas estão mudando de película para o formato digital. Qual é a sua opinião a respeito?
Tarantino - Eles chamam digital? Isso, para mim, é vídeo. Tudo bem se você está gravando uma novela (risos), mas não é para mim. Meu negócio é película. Não vou entrar nessa de digital. Além do mais, sou colecionador de películas em 16 mm e 35 mm. O digital simplesmente não tem a mesma qualidade e, honestamente, a magia se perde quando você grava em vídeo. Quando falamos sobre a magia do cinema, não é uma metáfora, mas uma realidade. Sabemos que não há movimento na imagem cinematográfica, mas que quando projetados [os fotogramas] criam a ilusão do movimento. Para mim, é a magia do cinema.
Créditos: G1 - Globo
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